Nova iluminação da Rota Peter Lund encanta os visitantes

Beleza e raridade marcam o acervo paleontológico mineiro revitalizado com investimentos de R$ 2,6 milhões. Grutas vêm despertando a curiosidade do público, e roteiro já atraiu cerca de 9 mil turistas após as obras

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Nova iluminação das grutas da Rota Peter Lund revela cores naturais e detalhes que não eram vistos antes das obras
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A pré-história de Minas Gerais já pode ser vista sob um novo olhar. O roteiro inspirador que leva o visitante a uma viagem no tempo nas galerias das grutas da Lapinha, Maquiné e Rei do Mato, integrantes da Rota Peter Lund, ganhou nova iluminação e está encantando visitantes, pesquisadores, guias e funcionários e despertando a atenção dos mineiros.

Este rico acervo paleontológico, histórico e cultural de Minas Gerais está localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com fácil acesso a partir da capital.

Arte/Agência Minas Gerais

O projeto do Governo de Minas Gerais, inaugurado em janeiro, com investimentos no valor de R$ 2,6 milhões, contempla um sistema inovador com lâmpadas de LED na cor branca que, além de trazer mais segurança para a visitação, revitalizou as cavernas revelando marcos históricos de mais de 11 mil anos só encontrados região cárstica do estado.

“A caverna ‘Salão das Raridades’ era a mais prejudicada, estava com 60% da iluminação perdida. O novo sistema possibilita ver detalhes, como estalactites, estalagmites e helictites, que antes não se via. Agora, o brilho das rochas mostra o espelho natural de cores da caverna, ao longo dos 30 metros de profundidade”, diz a gerente da Gruta do Rei do Mato, Maria Honorina.

As grutas, lagoas, monumentos da Rota Peter Lund já atraíram, somente no mês de janeiro, mais de 8.600 mil pessoas após a execução das obras, no projeto inédito realizado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), juntamente com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Também trouxe ganhos ambientais e turísticos.

Melhorias 

Os visitantes têm ficado estarrecidos com tanta beleza e feito inúmeros elogios, conta Maria Honorina. "Disponibilizmaos cartilhas de avaliação do roteiro e temos recebidos inúmeros comentários positivos dos visitantes. Os funcionários também conquistaram melhoria na qualidade do trabalho porque facilitou o caminhamento com os 20 turistas que levamos por vez Está bonito e, agora, não precisamos mais lanternas para descer as escadas e apoiar nos corrimãos”, ilustra ela.

A média de visitação mensal na Rei do Mato é de 1.500 a 2.000 mil turistas.

Um dos salões iluminados das grutas da Rota Peter Lund / Crédito: Evandro Rodney

Para a turista Ana Paula Ferraz Machado, que visitou a Gruta Rei do Mato em janeiro, a sensação de estar dentro de uma caverna é única. “Está dando para ver todos os detalhes da gruta com as novas luzes. Quanto mais você vai entrando vai mergulhando em uma sensação peculiar no encontro com estruturas ambientais tão antigas. É lindo ver as rochas, não dá vontade de sair de lá de dentro”, conta.

Já na visão do gerente da Gruta de Maquiné, Mário Lúcio de Oliveira, os ganhos ambientais e de manutenção após as instalação das luzes foram fundamentais para a circulação dos mais de 4.000 visitantes que passam pela gruta mensalmente. “Os sete salões ganharam com a iluminação porque ela protege a caverna de desgastes e facilita a manutenção, pois toda a fiação foi colocada dentro tubos, colaborando com o trabalho dos funcionários em termos segurança, além do conforto para os turistas durante a visitação”, frisa.

Na Gruta da Lapinha, que fica dentro do Parque do Sumidouro, o resultado também é comemorado. "Nota-se que os visitantes têm se sentido mais seguros para entrar nas cavernas porque muitos, às vezes, sentem um pouco de medo, o que é natural porque estamos dentro de cavernas, mas é totalmente seguro. Outra observação que o público está fazendo é sobre as cores das rochas, pois agora podem ser vistas em seus tons naturais. Só no mês de janeiro mais de 2.400 turistas já visitaram o lugar.", destaca o gerente Léo Quirino. 

Novos investimentos

O trabalho desenvolvido nas Rota das Grutas Peter Lund é parte da realização de um amplo projeto que vem sendo desenvolvido pelo Governo de Minas Gerais nas unidades de conservação e já há previsão de novos investimentos, no montante de R$ 2,56 milhões.

“Temos mais propostas e projetos para serem realizados ainda em 2018 nas três grutas. As melhorias não param por aí, queremos sempre mais garantir a segurança e o bem-estar dos turistas que visitam nossas unidades de conservação”, frisa o diretor geral em exercício do IEF, Henri Dubois Collet.

No Parque Estadual do Sumidouro, onde fica a Gruta da Lapinha, será feita a desapropriação do Castelinho, construção de propriedade particular que fica dentro da reserva e abriga peças arqueológicas descobertas pelo pesquisador Peter Lund, no Século XIX. O imóvel será adquirido ao custo de R$ 600 mil, pelo IEF, que passará a fazer a gestão do local. A aquisição está prevista para ocorrer nos próximos 90 dias.

Crédito: Divulgação/Semad

No Sumidouro será feita, ainda, a compra de sistema de videomonitoramento, o plano de manejo espeleológico da caverna, entre outras melhorias que, juntas, somam cerca de R$ 550 mil.

No Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato será feita a troca de guarda-corpos e corrimão na área interna da gruta e pequenas reformas que vão somar aproximadamente R$ 925 mil. Já no Monumento Natural Estadual Peter Lund, onde está a Gruta de Maquiné, serão realizadas a reforma do Museu de Maquiné e melhorias na estrutura das trilhas. O investimento será de cerca de R$ 500 mil.

Para os próximos 60 dias, está prevista a abertura de processo licitatório para implantação de lanchonetes e loja de artesanato e produtos da economia local nas áreas de visitação das três grutas.

Legado para a humanidade

O roteiro da Rota Peter Lund inclui, além das grutas de Rei do Mato, Maquiné e Lapinha, essa última dentro do Parque Estadual do Sumidouro, o Museu Peter Lund, o Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), o túmulo de Peter Lund, o Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire, terminando no Museu Casa Guimarães Rosa, localizado no município de Cordisburgo.

A rota representa um legado histórico e cultural para a humanidade, abrangendo uma das áreas mais importantes do país, com aproximadamente 36% do total de cavernas cadastradas do Brasil. Suas formações foram descobertas pelo naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880).

O roteiro envolve os municípios mineiros de Belo Horizonte, Sete Lagoas, Pedro Leopoldo, Lagoa Santa e Cordisburgo, além de uma área de influência direta que reflete o turismo em mais de 20 outros municípios.

A Rota é uma das mais importantes áreas de visitação de cavernas do Brasil, somando mais de 2,4 mil hectares de áreas naturais. A região possui cerca de 50 cavernas e 170 sítios arqueológicos.

 



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