Sede do antigo Dops em BH será tombada e transformada no Memorial dos Direitos Humanos

O Memorial vai possibilitar a exposição de relatos gravados, documentos, fotos e gravuras que guardam as memórias da ditadura militar

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Em reunião realizada nesta quarta-feira (16/12), com a participação do secretário de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania, Nilmário Miranda, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) decidiu pelo tombamento do prédio do antigo Departamento de Ordem Política e Social (Dops), na avenida Afonso Pena, 2.351, bairro Funcionários, em Belo Horizonte. Com a decisão, foi dado mais um passo para transformar o local em Memorial dos Direitos Humanos de Minas Gerais.

Para o secretário Nilmário Miranda, muitos lugares em Minas foram usados para a prisão, tortura e morte de militantes durante a ditadura no Estado, mas o tombamento do Dops é o mais simbólico. “Antes do Golpe Civil-Militar de 1964, centenas de operários, camponeses, estudantes, militantes de esquerda passaram por lá, foram espionados e fichados. Durante a ditadura, todos os perseguidos eram levados ao Dops, mesmo que tivessem sido presos e levados antes para outros locais. Os agentes que serviam no Dops frequentaram as listas de torturadores ou cúmplices deles. A história do local está diretamente relacionada a práticas antidemocráticas e violadoras dos direitos humanos”, afirmou o secretário.

Em outubro de 2013, o prédio foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, como parte integrante do Conjunto Urbano Avenida Afonso Pena e Adjacências. O processo de tombamento da sede do Dops é uma antiga reivindicação de estudiosos, entidades sociais e políticos. O Memorial dos Direitos Humanos, que futuramente funcionará no local, vai possibilitar a exposição de relatos gravados, documentos, fotos e gravuras que guardam as memórias da Ditadura.


História

Símbolo da repressão política em Minas, o Dops foi um dos principais locais de violação dos direitos civis em Belo Horizonte no período militar. Criado em 1927 como Delegacia de Segurança Pessoal e Ordem Política e Social, foi transformado em polícia politica em 1956, já como Departamento de Ordem Política e Social de Minas Gerais (Dops-MG). Foi usado na repressão desde os primeiros dias do golpe de 1964, em articulação com os DOI-Codis do Rio de Janeiro e de São Paulo.



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