Feira Estadual de Economia Popular Solidária oferece diversidade de produtos em BH

Em sua segunda edição, iniciativa é organizada pela Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese)

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Feira segue até sábado (17/12) na Praça da Assembleia, em Belo Horizonte
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Comidas típicas, artesanato, confecção, calçados, produtos da agricultura familiar e das comunidades tradicionais de várias regiões do estado, estão reunidas na segunda Feira Estadual de Economia Popular Solidária de 2016, aberta nesta quinta-feira (14/12), na Praça da Assembleia, em Belo Horizonte. No local, o visitante tem a oportunidade de conhecer produtos de 120 empreendimentos, de 22 municípios mineiros dos territórios Campo das Vertentes, Jequitinhonha, Metropolitana, Norte, Sul, Triângulo, Vale do Mucuri e Zona da Mata. 

A tradicional produção de mandioca de Almenara, no Médio e Baixo Jequitinhonha, está representada na feira, que vai até este sábado (17/12), com a barraca da empreendedora, Jamires Amaral. A tapioca feita na hora, com várias opções de recheio, inclusive com carne de sol, atraem um bom público. Tudo é produzido pela família e começou com a mãe de Jamires, que desta vez não pode vir. 

“Quando minha mãe começou a trabalhar com isso éramos considerados pobres, a gente morava em fazenda dos outros. Hoje minha mãe já comprou duas terras, tem carro e casa para alugar. Ela diz que está fazendo o futuro porque é um serviço muito pesado, chegar aqui e comer a tapioca é fácil. Mas tirar a goma e mexer em roça é complicado. A mãe diz que se ficar sem ir a feira é como se fosse uma depressão”, conta a jovem de 23 anos que, desde os oito anos, observava a mãe fazendo tapioca. Hoje, ela domina todo o processo. 

Sobre as vendas e o tempo chuvoso, Jamires afirma que o movimento da Economia Solidária está acostumado com os altos e baixos. “A feira está muito bem organizada, desde a nossa chegada até a escolha do local. Pra gente, a chuva não atrapalha, porque as pessoas tem fome do mesmo jeito”, garante. 

Marcelo Francisco da Silva é natural de Guapé, Sul de Minas. Ele representa uma cooperativa de Belo Horizonte, que atua em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em sua barraca estão produtos típicos de Januária, como a castanha de baru e o doce de buriti; a cachaça de Espera Feliz além do café das sementes orgânicas da região Sul. "Esse espaço é muito importante porque nos permite ter um contato direto com o consumidor, onde podemos expor nossos produtos a preços mais acessíveis. Não precisa de um atravessador”, avalia. 

Marisa Ferreira Mendes, regional Campos das Vertentes, atua em Barbacena e São João del-Rei. Para ela, a Economia Solidária atende um nicho de pessoas fora do mercado informal e o movimento tem crescido, segundo Maria, principalmente por causa da atual conjuntura do país.

“Mais pessoas que estavam no mercado estão vindo para agregar. Essa feira para nós é de suma importância, estamos no interior onde temos poucos pontos de comercialização. É um ponto de união e integração com o restante de Minas Gerais para saber o que está acontecendo em outras regiões, quanto mais feira tiver melhor pra gente, as feiras estão fazendo a gente crescer e desenvolver”, comenta. 

Fortalecimento

De acordo com o subsecretário de Trabalho da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Antônio Lambertucci, a luta pelos direitos e emancipação das mulheres é uma das características mais importantes do movimento, considerado por ele um modelo de construção de grupos de geração de renda e produção de economia.

“Hoje, nós temos uma superintendência específica para este setor e pela primeira vez na história de Minas Gerais, temos ações voltadas para o financiamento da Economia Solidária no Plano Plurianual de Ação de Governo (PPAG). É um governo que acredita neste movimento”, ressaltou o subsecretário, durante a abertura oficial. 

Antônio Lambertucci chamou atenção, ainda, para a necessidade de se fortalecer o movimento. "Muita gente acha que participar dos fóruns e dos seminários de capacitação é apenas teoria e o negócio mesmo é vender. Se não houver um movimento articulado, organizado e forte não será possível disputar fatias mais expressivas e significativas do mercado. Esse movimento está mantendo a bandeira erguida frente aos sérios problemas que temos atravessado no país, com ameaças às nossas conquistas”, aponta.

A superintendente de Política de Trabalho e Emprego da Sedese, Léa Braga, classificou o momento como celebração de um esforço coletivo, com participação do Governo de Minas Gerais. “A Superintendência de Empreendedorismo e Economia Solidária da Secretaria tem a grata satisfação de encaminhar ações que traduzam a oportunidade de acesso ao mundo do trabalho, por uma via de princípios que trazem a liberdade de opção, o companheirismo e a produção coletiva. Na Sedese buscamos colocar este segmento no patamar de política pública como ação prioritária”, ressalta. 

Além da Sedese, a abertura oficial da Feira contou com a participação dos representantes do Fórum de Economia Popular de Belo Horizonte, Neusa Maria Ferreira e do Fórum Mineiro de EPS, João Lopes e da subsecretária de Relações Institucionais da Seccri do Governo de Minas Gerais, Verônica Coutinho.

A feira

Na primeira edição, realizada em junho deste ano, sete mil pessoas visitaram a Feira Estadual, movimentando quase R$130 mil. O espaço contou com 120 empreendimentos, de 22 municípios mineiros – Uberlândia, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Paracatu, Palmópolis, Cataguases, Novo Oriente, Juiz de Fora, Planalto de Minas, São João del-Rei, Desterro de Melo, Felizardo, Pouso Alegre, Novo Horizonte, Diamantina, Montes Claros, Leopoldina, Viçosa, Itaipé, Arinos, Natalândia e da própria Belo Horizonte. 

As feiras são organizadas pela Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com o Fórum Mineiro da Economia Popular Solidária, Conselho Estadual de Economia Popular Solidária e Prefeituras Municipais.



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