Atuação integrada é destaque no planejamento de segurança de Minas Gerais para o período olímpico

Em entrevista à Agência Minas Gerais, o assessor extraordinário da PMMG para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, coronel Lino, fala sobre o trabalho para garantir a melhor resposta de segurança a todos os públicos

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O coronel Francisco Lino Neto ressalta a preparação e a confiança no trabalho articulado das agências de segurança
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Faltam menos de 50 dias para que Minas Gerais receba o primeiro de uma série de dez jogos do Torneio Olímpico de Futebol. A expectativa aumenta para a realização de mais um grande evento na capital, parte dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, com ações e planejamentos traçados para o êxito em outro evento esportivo de forte mobilização. 

No campo da segurança, a Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil para os Jogos Rio 2016 (Coesge-MG), em sintonia com o Núcleo de Articulação Minas 2016, trabalha os alinhamentos para a execução desta etapa, que se soma aos esforços concluídos no revezamento da Tocha e àqueles em operação, desde o ano passado, para o recebimento de delegações e comitês olímpicos. Oficinas temáticas e eixos de trabalho, por exemplo, orientam o trabalho das equipes, em ações pontuais, como é o caso do treinamento e sensibilização antiterrorismo e contra ameaças químicas para 500 profissionais de segurança, realizado, nessa quinta-feira (16/6), no Auditório JK, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte.

Em entrevista ao portal Agência Minas Gerais, o assessor extraordinário da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, coronel Francisco Lino Neto, fala sobre os últimos ajustes da preparação, o planejamento realizado e a importância da sinergia entre as forças de segurança para o melhor resultado a todos os públicos envolvidos. Confira:

Agência Minas Gerais: Que órgão ou instituição é, neste contexto, a referência para a questão da segurança durante o período dos Jogos Olímpicos em Belo Horizonte? 

Coronel Lino:
Cada agência de segurança tem o seu representante na Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil para os Jogos Rio 2016 (Coesge-MG), sendo este colegiado a referência de segurança no âmbito estadual, sob a coordenação da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Nós também estamos permanentemente ligados ao Núcleo de Articulação Minas 2016, grupo criado para tratar sobre os jogos olímpicos em Minas, no contexto geral (não apenas segurança, mas todo o cenário), sob coordenação da Secretaria de Estado de Esportes (Seesp). Demandas como a chegada e confirmações de delegações, por exemplo, são sinalizadas pela Minas 2016 à Coesge-MG, que aciona e direciona as agências para a atuação.

Agência Minas Gerais: Como é formada a Coesge-MG? Algum dos componentes assume, de certa forma, a liderança no planejamento e execução?

Coronel Lino:
A Comissão representa um fórum deliberativo para a definição de parâmetros de atuação integrada e coordenada dos órgãos federais, estaduais e municipais ligados à segurança pública e defesa civil. Cada agência atua, no Coesge-MG, com sua competência, de acordo com os protocolos estabelecidos no plano tático integrado, construído na esfera dessa comissão. As lideranças, então, são situações, conforme as demandas. Por exemplo: se surge uma questão de polícia judiciária, a Polícia Civil torna-se referência no processo. Já no caso de uma operação especializada, o Grupamento de Ações Táticas Especiais (GATE) da PMMG passa a liderar. Ou seja, o grande cerne da questão é a atuação de todos com Corpo, de forma articulada, com discrição e efetividade, para dar as melhores respostas de segurança com foco nos públicos dos Jogos.

Agência Minas Gerais: O trabalho na esfera da segurança tem diversos desdobramentos. De que forma as ações foram organizadas? 

Coronel Lino:
Internamente, trabalhamos as ações sob a divisão em três módulos: Pré-Jogos (que envolve todo o acompanhamento durante o período de aclimatação, treinamento, estadia e deslocamento das delegações e comitês no estado); Revezamento da Tocha (módulo já finalizado); e o Torneio Olímpico de Futebol. O trabalho no módulo – Pré-Jogos – foi o primeiro a iniciar e será o último concluído, já que os jogos paralímpicos terminam no dia 18 de setembro. Embora não tenhamos modalidade do torneio paralímpico em Belo Horizonte, teremos alguma demanda, sim, relacionada, pois algumas delegações paralímpicas já anunciaram que vão ficar no estado.


Agência Minas Gerais: Um dos módulos previstos, o do revezamento da tocha, já foi encerrado. Como foi esse trabalho e a experiência?

Coronel Lino:
Foi uma ação com pleno êxito, com efetiva e salutar articulação entre as agências. Observamos, no campo de ação e operacionalidade, que tudo o que foi planejado no Estado-Maior foi implementado e executado na ponta da linha, com todos os envolvidos comprometidos com o resultado final. Trabalhamos, de fato, como um Corpo. E não foi um planejamento simples. Além do envolvimento de múltiplas agências, dentro da nossa instituição – a PMMG – 18 comandos regionais de responsabilidade territorial tiveram envolvimento durante o deslocamento da tocha pelas diferentes regiões do estado, cada um com atribuições específicas pelo trajeto. Tudo ocorreu com êxito e sem nenhum incidente. Tive notícia, inclusive, de que Minas Gerais está sendo referência para o Brasil inteiro.

Agência Minas Gerais: Quais são as próximas missões relacionadas aos jogos olímpicos no estado? 

Coronel Lino:
No Torneio Olímpico de Futebol, compete à PMMG cuidar da segurança das delegações e dos árbitros. Faremos a escolta desses grupos desde o momento que desembarcarem em Belo Horizonte, do aeroporto ao hotel, do hotel ao centro de treinamento, do hotel ao estádio, entre outros deslocamentos. Com relação à segurança no interior do estádio, apesar da segurança privada, teremos efetivos de tropas de pronto emprego e de segundo esforço caso haja necessidade, nos moldes da Copa do Mundo. Ou seja, toda a estrutura da polícia estará pronta para atuar. Estaremos aptos para garantir a segurança de todos os públicos: jogadores, família olímpica, imprensa, torcedores, turistas, enfim, todos. Lembrando que estão confirmadas as presenças, em Belo Horizonte, do comitê Olímpico e Paralímpico da Grã-Bretanha; em Uberlândia, do comitê Olímpico e Paralímpico da Irlanda, do comitê Olímpico da Bélgica e da Delegação de Natação da Sérvia; e, em Juiz de Fora, da delegação Olímpica e Paralímpica de Atletismo do Canadá e delegação Olímpica de Atletismo da China. Além, claro, das seleções do Torneio Olímpico de Futebol que vão jogar no Mineirão e outras confirmações de delegações que ainda podem ocorrer.

Agência Minas Gerais: Qual será o efetivo destinado às ações?

Coronel Lino:
Todo o efetivo disponível e necessário será empregado para as melhores condições de proteção aos envolvidos. Além disso, como fizemos na Copa do Mundo, iremos mobilizar efetivo do interior, trazendo-os das companhias de missões especializadas (de choque) para Belo Horizonte. Eles serão deslocados para ficar em condições de atuação. 

Agência Minas Gerais: Quantos treinamentos em pontos estratégicos, encontros e reuniões já foram realizados até o momento?

Coronel Lino:
Foram muitos encontros de toda a comissão e um número muito maior de reuniões no contexto das oficinas temáticas, termo utilizado pela Coesge-MG para divisão do processo de trabalho. Cada oficina tem um eixo e responsabilidades específicas. Todas elas estão trabalhando bastante desde que foram criadas, conforme a necessidade verificada por cada coordenação, isto é, com encontros de rotina e reuniões extraordinárias, quando se faz necessário. São 14 as oficinas temáticas, a saber: 1) Revezamento da Tocha (já cumprido); 2) Coordenação, Comando, Controle e Comunicação; 3) Treinamento e Eventos Teste; 4) Vistorias e Contramedidas; 5) Segurança VIP; 6) Inteligência; 7) Segurança das Instalações; 8) Instalações Aeroportuárias; 9) Operações Especializadas; 10) Comunicação Social; 11) Mobilidade; 12) Polícia Judiciária; 13) Pré-Jogos; e 14) Defesa Civil.
A Comissão Estadual também mantém reuniões permanentes, quinzenais, com os representantes de todas as agências de segurança envolvidas.
 


Agência Minas Gerais: Em que fase estão as capacitações? Há previsão de treinamentos para civis, como os voluntários, profissionais do Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, entre outras áreas?

Coronel Lino:
Os treinamentos estão ocorrendo por regiões. Por exemplo, temos treinamentos sendo feitos em Uberlândia, em Juiz de Fora, que foram coordenados pela 1ª Seção do Estado-Maior, que lida com ensino e treinamento. O planejamento foi feito e, ao longo desse ano, estão em execução. A Academia de Polícia Militar, por sua vez, também tem o seu planejamento para o treinamento dos alunos. Inclusive, nós vamos aproveitá-los para algumas missões, além de soldados formados, com mais experiência. Eles já vêm sendo treinados com foco no grande evento, para aquilo que têm condições de responder prontamente. O GATE é outro exemplo, com treinamentos locais e até fora do país, assim como o Esquadrão Antibombas, que está inserido em uma oficina temática pronta para trabalhar com essa vertente. Há, ainda, preparações especiais e pontuais, como é o caso da sensibilização sobre ameaças químicas em grandes eventos, realizada, nessa quinta-feira (16/6), na Cidade Administrativa.
Dentro da Coesge-MG, nós temos, sim, contato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que criou também um núcleo de trabalho e lida com a questão do voluntariado. Estão previstos treinamentos, capacitação e orientação no âmbito da segurança, já que estarão em aeroportos, pontos turísticos, entre outros locais. É importante ressaltar que a PMMG também estará nessas áreas estratégicas com o efetivo preparado e capacitado para o policiamento voltado ao turista, sobretudo nos espaços de maior concentração de pessoas. Inclusive, como fizemos na Copa, a nossa intenção é disponibilizar um guia de segurança para esse público. 

Agência Minas Gerais: Neste momento, faltando menos de 50 dias para o início do torneio de futebol em Belo Horizonte, quais são os pontos de atenção, prioridades no contexto da segurança?

Coronel Lino:
Os planejamentos estão elaborados. O primeiro ponto é fazer uma revisão dos planejamentos para verificar se realmente estão exequíveis, se há algum ponto frágil para fins de implementação. É também a fase de checar, verificar se todos receberam e compreenderam suas missões. Confirmado o entendimento, o planejamento operacional passa pelo desmembramento do plano tático, então com a capacitação de pessoal, treinamentos, definição de missões. O Batalhão Olímpico já está criado, sob o comando do tenente coronel Peres, para mais um importante braço do serviço policial militar. Instruções, palestras já estão em andamento para a entrada em operação, em agosto, com o início dos Jogos Olímpicos.

Agência Minas Gerais: A exemplo da Copa do Mundo, o Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR) também terá atuação no período dos Jogos Olímpicos?

Coronel Lino:
Sim, inclusive o CICCR já foi ativado e as agências de segurança convidadas a tomarem seus assentos. O trabalho segue de forma articulada, esteve ativo durante o revezamento da tocha. Nessa oportunidade, foi importante para a solução de problemas de qualquer ordem de segurança, já que a unidade abarca todas as agências envolvidas e também estabelece contatos com Centros de Comunicações Regionais (CCRs) de outros locais (como o Rio de Janeiro, sede das olimpíadas, por exemplo). O CICCR é um grande centro nevrálgico [crucial]. Além disso, também teremos o CICCR móvel com atuação garantida no Mineirão, assim como esteve presente em todas as cidades de celebração do revezamento.

Agência Minas Gerais: Qual a expectativa da Assessoria Extraordinária para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, sobretudo com a proximidade de início da competição?

Coronel Lino:
O planejamento está pronto, está sendo desmembrado por todos os atores envolvidos dentro da instituição. Estamos trabalhando ao longo de vários anos, com atenção a todos os cenários e hipóteses (mais e menos tranquilos). Esperamos que, conforme aconteceu no revezamento da tocha, tudo aconteça da melhor forma possível no torneio de futebol e no acompanhamento das delegações e comitês. Nosso objetivo é estar preparados para realmente dar as melhores respostas de segurança. Estamos trabalhando de forma articulada com todas as agências envolvidas com o sistema de segurança pública, também articulados com os órgãos do governo federal, sistema de defesa nacional, área de inteligência, para que os jogos olímpicos ocorram em Minas Gerais num clima de maior segurança e paz possível. Como ocorreu no revezamento da tocha, a expectativa é que esse evento também seja festivo, e que imperem os valores olímpicos de amizade, excelência e respeito. 



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