Ala LGBT de penitenciária celebra o Dia Nacional da Visibilidade Trans

Atividade foi organizada pela Comissão Estadual de Políticas de Enfrentamento às Fobias Relativas à Orientação Sexual e à Identidade de Gênero

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Além do 'Dia da Beleza', detentos participaram de discussão sobre a importância da diversidade e do respeito aos direitos do movimento LGBT
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Presos e presas que estão no Anexo LGBT da Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, celebraram, nesta sexta-feira (29/1), o Dia Nacional de Visibilidade Trans, com direito a uma edição especial do “Dia da Beleza”. Eles puderam fazer penteados diferentes, se maquiar, pintar as unhas e discutir a importância da diversidade e do respeito aos direitos do movimento, representado por travestis, transexuais e transgêneros.

A iniciativa fez parte de um cronograma especial de atividades planejadas pela Comissão Estadual de Políticas de Enfrentamento às Fobias Relativas à Orientação Sexual e à Identidade de Gênero (Cepef), coordenada pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds). Essa comissão é voltada para a construção coletiva de políticas de Defesa Social para o publico LGBT e desenvolveu, na última semana, outras atividades no sistema prisional e no sistema socioeducativo. A Ala LGBT do Presídio de Vespasiano, por exemplo, recebeu o “Cine Pipoca” – dia de filmes com temáticas voltadas para o público Trans – também nesta sexta.

Fábio Luiz Arantes Alves, 34 anos. Este é o registro na certidão de nascimento de uma das transexuais que cumprem pena na Penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas. Nome que não condiz com seu gênero, já que “Fábio” sempre se sentiu mulher. Por isso, ainda na adolescência, quando tinha 14 anos de idade, revelou sua homossexualidade para a família e passou a atender pelo nome social Patrícia Strass Close.

Patrícia saiu de casa e prostitui-se para sobreviver. Acabou em um ambiente que lhe proporcionou contato com as drogas e com o crime. Presa na Ala LGBT, ela trabalha e é respeitada pelos colegas de cela.“Nós, transexuais, somos vistos como uma anomalia. Esse dia mostra como somos seres humanos e também merecemos dignidade. Espero que outros transexuais tenham o apoio familiar que eu não tive. Meus pais disseram que preferiam um filho bandido a um gay. Tornei-me os dois”, revela Patrícia Strass.

Paulo Henrique Prado, diretor de atendimento e ressocialização da Penitenciária Jason Soares Albergaria, ressalta que a Ala LGBT permite a humanização no cumprimento da pena, protegendo a integridade física e psicológica dos presos e presas.  Já o defensor público da comarca de Igarapé, Gustavo Gonçalves Martins, também presente no evento, destacou como a ala LGBT dá aos presos “a dignidade e oportunidade de ressocialização necessária”.


Alas LGBT

Minas Gerais possui duas alas exclusivas para homossexuais, travestis e transexuais declarados. O objetivo é prevenir abusos e garantir que o cumprimento da pena ocorra sem constrangimento. Atualmente, essas alas funcionam na Penitenciária Jason Soares Albergaria, em Bicas, e no Presídio de Vespasiano, ambos na Região Metropolitana.

Nesses locais, que têm as paredes pintadas de rosa, os presos podem se maquiar, fazer as unhas, manter os cabelos compridos e são chamados por seus nomes sociais. A transferência para essas unidades acontece apenas mediante vontade do próprio detento.



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