Miss Prisional 2016 é destaque no desfile da Doisélles no Minas Trend Preview

Marcela Cagnani desfilou no Expominas. Iniciativa fortalece trabalho da Secretaria de Administração Prisional em prol da humanização dos detentos

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A vencedora do Miss Prisional Minas Gerais 2016, Marcela Moreira Cagnani, durante o desfile no Expominas
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Antes de ser presa, a vencedora do Miss Prisional Minas Gerais 2016, Marcela Moreira Cagnani, era modelo de uma agência em Belo Horizonte e chegou a desfilar durante dois anos para marcas mineiras. Nessa quinta-feira (6/10), Marcela pôde reviver o sonho e pisar de novo na passarela. A convite da grife mineira Doisélles, a detenta desfilou na 19ª edição do Minas Trend Preview, que acontece no Expominas.

Para ela, a oportunidade de participar do evento trouxe de volta lembranças dos tempos de liberdade. “Sou muito grata pelo convite, e estou muito feliz. Foi tudo lindo, o carinho, a recepção de todos. Fiquei um pouco nervosa na hora, mas me senti muito bem estando ali”, conta.

Ao som do cantor paulistano Criollo, Marcella desfilou com um vestido preto de tricô, que faz parte dos 18 looks apresentados pela marca. A iniciativa destaca e fortalece o trabalho da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) para a humanização no cumprimento da pena e para a ressocialização de pessoas privadas de liberdade.

Para a estilista Raquell Guimarães, que assina as peças da Doisélles, Marcela iluminou o desfile. “A Seap me trouxe essa proposta e eu a abracei com carinho. Foi ela que abrilhantou o desfile, porque a história da roupa todo mundo já sabe, já conhecem o design da Doisélles, mas a presença da Marcela foi o brilho maior”, ressalta.

A inspiração da coleção, segundo a estilista, é a economia afetiva, a valorização de todos os processos da produção das roupas. “Essa economia criativa, que envolve processos de criação, tem que ter afetividade, que é cuidado e respeito aos processos. Então a gente coloca esse amor, esse respeito no nosso processo produtivo, na nossa cadeia têxtil”, diz.

Trabalho cidadão

Após o desfile, a Doisélles é candidata a ganhar o selo social Trabalhando a Cidadania, que coroa parcerias entre empresas e o sistema prisional mineiro.

Desde 2009, a Doisélles abraçou a cidadania e investe no trabalho de presos. Tudo começou em Juiz de Fora, quando a estilista levou o projeto Flor de Lótus para a Penitenciaria Ariosvaldo Campos Pires, ensinando presos da unidade a fazer tricô e crochê, iniciativa que perdura até hoje.

O subsecretário de Segurança Prisional, Washington Clark, esteve presente no desfile. Segundo ele, o selo é a materialização de uma ação social do governo que congrega o interesse da sociedade civil com a administração pública.

“Queremos empresas com responsabilidades sociais, que invistam no que é mais importante, no respeito, e na capacidade das pessoas do cárcere, ajudando a trazê-las de volta ao convívio da sociedade. É importante dar novas chances com projetos edificantes que possam resgatar essas pessoas temporariamente privada de liberdade”, afirma Clark.

Este ano, Raquell se associou a Liberte-se, da empresária Marcella Mafra, que opera uma confecção no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (Piep), em Belo Horizonte. Na oficina da Piep, 12 presas produziram as malhas que são o pano de fundo para o tricô e o crochê utilizados pela marca.

Raquell destaca que espera que a iniciativa sirva de incentivo para outras empresas. “Temos que acabar com o preconceito em relação ao apenado, saber que o condenado, enquanto está na reclusão, apenas está privado da liberdade, mas não de nenhum outro direito, inclusive o direito de trabalhar”, conclui. 

O Selo Social foi criado pelo Governo de Minas Gerais este ano para reconhecer as melhores práticas de ressocialização de pessoas privadas de liberdade por meio de qualificação profissional e trabalho. Essa é apenas a primeira etapa da avaliação. Atualmente, há 280 empresas parceiras da Seap e 14 mil presos trabalham.



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