Pronunciamento do governador Fernando Pimentel no Dia da Indústria

  • ícone de compartilhamento
download do áudio

Estamos aqui hoje reunidos para celebrar mais uma vez o Dia da Indústria, para premiar aqueles empresários que se destacaram ao longo do último ano pelo seu dinamismo, capacidade de trabalho e por seu talento empreendedor.

Destaco aqui o empresário Otávio Viegas, da VMI Tecnologia, e o amigo Robson Andrade, nas pessoas de quem saúdo todos os homenageados de hoje. São esses guerreiros, a exemplo de outros milhares de mineiros e mineiras que se dedicam à nossa atividade industrial, que empurram para frente a nossa economia e, não sem sacrifícios, fazem do seu trabalho a força motriz da produção do nosso estado. A eles, portanto, nossa justa homenagem e nosso agradecimento.

Caro presidente Temer, a tradicional hospitalidade mineira e a secular cordialidade dos nossos costumes políticos certamente não me autorizam usar esse espaço para elencar as inúmeras demandas, todas elas legítimas, do nosso Estado para com o governo de Vossa Excelência. São obras, algumas inacabadas, programas, alguns interrompidos, recursos, às vezes reduzidos ou não repassados. Enfim, um extenso rol de reivindicações que poderiam ser trazidas, mas que não devo elencar aqui e agora, teremos outras melhores oportunidades para tratar disso.

Mas, com todo o respeito e consideração que merece o cargo que Vossa Excelência ocupa, e com a amizade que nossa relação pessoal de vários anos abriga, eu me permito abordar um tema de superior interesse dos brasileiros, em geral, e dos mineiros em particular.

Falo da crise que hoje paralisa o país, provocada pelo movimento dos caminhoneiros. Há de convir, Vossa Excelência presidente Temer, que o aumento do preço dos combustíveis em mais de 50% em um período  inferior a 12 meses é absolutamente incompatível com o nível de preços, em geral, da economia nesse estágio em que a inflação mal alcança 3%. A alegada correção de práticas passadas não pode, e nem deve, ser suporte para uma política de preços tão descolada da realidade como esta hoje, infelizmente assumida pela Petrobras.

A recente reação do presidente da estatal do petróleo que, aliás, muito me surpreendeu porque se trata de um técnico competente e respeitado, ao dizer que seria inaceitável qualquer mudança nessa política - visivelmente equivocada - desrespeita não só a hierarquia, posto que o Presidente da República é o senhor, e não ele, mas principalmente a lógica econômica dos empresários e dos trabalhadores. Afinal, nós não somos os Estados Unidos da América, não emitimos dólar, não dispomos do mesmo nível de renda e, muito menos, da hegemonia econômica daquele país. Nesse quesito de preço de petróleo, adotar o modelo norte-americano na nossa terra do tropical é um contrassenso semelhante a usar tanga no Polo Norte ou casaco de pele no Saara.

Perdoem a brincadeira, sei que o tema é sério e o caso é dramático. Estamos acumulando perdas enormes na produção, na indústria e comércio, com riscos eminentes para o abastecimento alimentar, para o atendimento médico, para a segurança pública. Não vou repetir aqui os noticiários da imprensa, isso não é necessário. Todos aqui sabem a gravidade da situação. A solução, perdoe-me mais uma vez, senhor presidente, não pode ser buscada sacrificando mais ainda as já combalidas finanças dos Estados e dos municípios. A raiz do problema é o preço dos combustíveis e forma como ele está sendo administrado. Corrigir isso é atribuição federal incontornável, inescapável e indivisível.

Encerro, senhor presidente, renovando minha total confiança na sensibilidade de Vossa Excelência e no seu compromisso com o nosso país para que busque solução urgente e compatível com os anseios de toda a população. E reafirmo agora nossa mais integral solidariedade ao povo brasileiro, esse sim, o maior sacrificado por esse quadro de paralisia econômica e desagregação social que a gente vive hoje no Brasil.

Que Deus nos ilumine na busca de caminhos para superar esse momento.