Pronunciamento do governador Fernando Pimentel durante solenidade de entrega de cisternas e caixas d'água para 142 municípios mineiros

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Nós estamos celebrando uma hoje aqui uma coisa muito importante, que é a entrega dessas cisternas e dessas caixas d’água. Gostaria de fazer um parêntese: as caixas d’água que nós vamos entregar para os municípios são frutos de uma negociação que fizemos com a Usiminas. A Usiminas tinha um débito tributário com o Estado, um débito relativamente grande, e tinha que quitar o débito. Ia quitar em dinheiro, mas nós aprovamos, com a ajuda da Assembleia Legislativa, uma lei no final do ano passado – a lei do Regularize -  que permite pagamento de débitos atrasados com bens. Então, a Usiminas nos procurou para fazer a negociação e a dação de bens, e nós aceitamos. E por que que nós aceitamos? Porque se nós recebêssemos em dinheiro, teríamos que comprar as caixas d’água pagando o preço de venda. Com a Usiminas, que fabrica as caixas d’água, nós recebemos por preço de custo, preço de fábrica. Resultado: o dinheiro rendeu muito mais caixas d’água do que se a gente tivesse recebido em dinheiro para depois comprar. Com isso, estamos mostrando que é possível, mesmo com dificuldade, inovar com criatividade e registrar avanços também para os municípios. Essas caixas d’água, que vão ser extremamente importantes, e as cisternas, são fruto também de um esforço do governo para fazer mais com menos recursos. Porque recursos - vocês sabem - estão escassos. Mas esse é só um parêntese que eu queria fazer. Não é disso que eu quero falar. A importância das cisternas e das caixas d’água todo mundo sabe.

Eu me lembro ainda na campanha eleitoral, quando nós estávamos indo para uma atividade em Montes Claros, estava o Paulo Guedes e o Tadeu comigo, eu falei para os dois: vocês que são do Norte me digam uma coisa - se a gente tiver que reduzir os problemas do Norte de Mina a um único problema, qual seria? Digam só um, não pode ser dois nem três, porque o governo não vai ter jeito de resolver tudo. Os dois foram unânimes: água. Vamos atacar o problema da água. E, de fato, conhecendo hoje o Estado muito melhor do que eu conhecia há quatro anos atrás, quando eu estava na campanha, eu estou inteiramente convencido que esse é o grande problema do Estado de Minas Gerais. O grande problema do Norte do Estado - e olha que em outras regiões já começou a ter emergência hídrica também, nós temos mais de cem municípios com emergência hídrica por causa da seca.

É por isso que nós estamos celebrando esse sucesso, essa conquista, esse avanço. É porque governar, e vocês que são prefeitos e prefeitas, os outros companheiros que estão aqui e que também são da administração sabem disso, governar é fazer escolhas. Não é nada mais do que isso. É escolher o que você vai fazer, se vai para um lado ou outro, se vai gastar dinheiro com isso ou aquilo, se vai priorizar esta ou aquela política púbica. É isso que é governar.

Minas escolheu a gente para que a gente mudasse as escolhas do Estado. E é o que estamos fazendo desde o primeiro dia de governo. Eu queria ter dinheiro para fazer muito mais, mas nós não temos. Mas o Estado já teve esse dinheiro. O Estado viveu momentos de muita abundância em governos passados. Eu fico olhando em volta e não é difícil constatar. Tem ali uma Cidade Administrativa, e sempre eu falo dela, que custou R$ 2 bilhões, a preço de hoje, aquele conjunto de prédios. Será que era importante mesmo fazer aquilo? Mas não é só a Cidade Administrativa não. Estamos falando em água, e o governo fez uma obra gigantesca lá no Triângulo Mineiro, chamada Cidade das Águas. Um tal de Hidroex, instituto de estudos da água, que custou R$ 450 milhões. Vocês podem perguntar se é uma barragem, uma captação de água... Não. É um conjunto de prédios, que agora nós doamos para a Universidade do Estado de Minas Gerais, com alojamentos luxuosíssimos para abrigar pesquisadores de água que, por hipótese, viriam do mundo inteiro para poder fazer da cidade de Frutal um grande centro de pesquisa da água. Eu fico estarrecido. Custou R$ 450 milhões. Nunca conseguimos colocar um pesquisador lá dentro. Porque não tem como. O sujeito vai sair de Nova York e vai fazer pesquisa de água em Frutal? Resultado: nós transformamos aquilo em um campus avançado da Universidade do Estado de Minas Gerais, que está agora usando os prédios para fazer cursos, dar aulas, para não ficar inutilizado. Mas, vamos falar a verdade. Será que aquilo era prioridade, aqueles R$ 450 milhões em prédios? Não teria sido melhor aplicar esse dinheiro lá no Norte de Minas, aí sim captando água, fazendo barragens? E o dinheiro existia. Estava lá, está aplicado lá.

Aqui em Belo Horizonte tem outro um prédio maravilhoso, luxuoso, onde hoje está instalada a Rede Minas de Televisão, a Rádio Inconfidência e, junto dela, um conjunto de instalações que abrigam a Orquestra Filarmônica do Estado. Um auditório que dizem que é o melhor do mundo para a música clássica. Também custou R$ 500 milhões esse conjunto de prédios ali na rua Uberaba. Quem quiser pode passear lá, é bonito, é lindo. O projeto é maravilhoso. E a Orquestra custa para o Estado mais ou menos entre R$ 22 milhões a R$ 23 milhões por ano. Eu não sou contra. Nós estamos mantendo a Orquestra, claro, é um orgulho para Minas Gerais. Mas será que isso era prioridade, um prédio de R$ 500 milhões para abrigar a Orquestra Filarmônica e estúdios de TV? Será que não era mais importante fazer obras tão necessárias no interior do nosso Estado, como eu estou vendo agora quando os prefeitos me mostram quando eu visito a cidades deles? Vão somando: R$ 2 bilhões, R$ 450 milhões em Frutal, R$ 500 milhões ali na rua Uberaba. Mas pode andar mais um pouquinho. Vai lá em São João del-Rei, onde tem um Centro de Convenções moderníssimo. Custou R$ 300 milhões. Sabe quantas vezes esse Centro de Convenções foi utilizado? Nunca. Nunca teve uma convenção. Sabe por que que não tem? Porque São João del-Rei, embora seja uma cidade importante, querida por nós todos, não tem rede hoteleira para comportar uma convenção de mil pessoas, que é a capacidade do auditório lá do Centro. Não tem rede hoteleira, então as empresas não vão fazer convenção em um lugar que não tem hotel suficiente. Mas o Centro está lá. Maravilhoso. Nós estamos tentando passar o Centro para a prefeitura, mas o prefeito não quer de jeito nenhum, porque o que ele vai fazer com o Centro de Convenções? Foram R$ 300 milhões.

Eu passaria o resto da tarde aqui contando a vocês a quantidade de dinheiro que foi gasta em escolhas erradas. Escolhas equivocadas, porque não ouviram o povo, porque não fizeram como nós, que organizamos os Fóruns Regionais de Governo, não foram para o interior, sentar com as pessoas, escutar com paciência, ouvir críticas, ouvir reclamações. Governo é para isso. Governo não é para ficar aqui encastelado não. É para ir lá e ver. Eu fiz isso muitas vezes, e vocês todos são testemunhas e já estiveram comigo muitas vezes nesses nossos encontros. Nós, agora, não temos dinheiro para fazer essa quantidade de obras. Nosso dinheiro é escasso, mas olha, uma coisa eu posso dizer para vocês: ele está sendo bem aplicado. Ele está sendo bem aplicado naquilo que precisa ser, que melhora a vida do povo de Minas Gerais, aquilo que os prefeitos e as prefeitas apontam quando a gente conversa com eles.

É por isso que nós estamos aqui hoje entregando essas cisternas, entregando essas caixas d’água. Alguém pode falar que isso é pouca coisa. Entregamos carros para a saúde, para a educação, nós vamos entregar 900 ônibus escolares, vamos começar o mês que vem. Deixem que digam que é pouca coisa, deixem aqueles que gostam de obras luxuosas, suntuosas, continuar pensando assim. Nós vamos continuar do lado que nós sempre estivemos, que é o lado do povo de Minas Gerais, que é o lado das pessoas que trabalham, dos pobres, médios e até dos ricos que também trabalham, mas aqueles que estão pensando no Estado e que precisam resolver o problema da sua comunidade. E aí não é preciso de obra luxuosa, não. Precisa é botar o pé no barro e ir lá ver o que tem que fazer e fazer, que é o que as prefeituras estão fazendo com muitas dificuldades, mas estão enfrentando.

Então, meus amigos, a minha alegria hoje é dizer só isso para vocês: nós mudamos Minas Gerais, das escolhas erradas para escolhas certas, e vamos continuar nesse caminho, se Deus quiser. Vamos fazer muito mais por Minas Gerais com a ajuda de vocês.

Muito obrigado a todos e a todas!