Apoio às startups pelo Governo do Estado torna Minas Gerais referência nacional e internacional

Considerado o único programa público de aceleração de startups do país, Seed reuniu 152 empreendimentos em quatro rodadas. Quinta edição, a partir de julho, vai selecionar mais 40 projetos

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O Seed disponibiliza, gratuitamente ao público, dois postos de trabalho em seu coworking
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Minas Gerais tem se destacado nacional e internacionalmente pelo ambiente de inovação criado em seu território, a partir da tradição em empreender aliada à boa base de pesquisa nas universidades. Para potencializar ainda mais essa condição, o Governo do Estado reformulou e investiu R$ 18 milhões nos últimos três anos nas rodadas de aceleração do Seed (Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development).

O programa de aceleração de startups para empreendedores interessados em desenvolver seus negócios em Minas Gerais foi lançado em 2013 e reformulado na atual gestão. Em 2016 ganhou novo formato, instalado em uma sede mais adequada para a expansão, e mais recursos, com R$ 6 milhões a cada rodada.

As rodadas, que ocorrem anualmente, selecionam 40 projetos necessariamente de base tecnológica. Nos últimos três anos, portanto, foram R$18 milhões em investimentos.

Crédito: Divulgação/Seed

Em sua breve história, o programa posicionou Minas Gerais e Belo Horizonte, especialmente, como um dos principais polos de inovação do Brasil, com reconhecimento mundial.

Além do êxito ao estimular o empreendedorismo, que repercute mundialmente, os números refletem esse bom momento. O programa recebeu, nas quatro rodadas, 5.408 inscrições e já acelerou 152 startups, sendo 36 de outros países, e 384 empreendedores.

Para a quinta rodada de aceleração, que tem previsão de início em agosto, foram inscritos 1.100 brasileiros e estrangeiros. Além dos seis meses de formação, os 40 empreendedores selecionados recebem do Governo mineiro capital semente que chega a R$ 80 mil para cada projeto.

Os recursos do Seed são oriundos da parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Segundo o coordenador-geral do programa, Daniel Oliveira, o Seed foi criado para estimular a cultura empreendedora e a inovação no estado. Uma das suas características é a concessão de incentivo financeiro à pessoa física, nacional ou estrangeira, que esteja pronta a desenvolver projeto de negócio de base tecnológica em Minas Gerais livre de participação.

“A startup contemplada não precisa necessariamente ter CNPJ e entra com apenas 5% de contrapartida sobre o montante recebido. O recurso deve ser aplicado no seu próprio projeto ao longo dos seis meses. Com uma aceleradora privada há investimento também, porém, ela se torna sócia do projeto”, explica Oliveira.

Oliveira ressalta que o programa do Governo do Estado investe em CPF – Cadastro de Pessoa Física - e ao mesmo tempo é equity free. Isto significa que o estado investe, mas não se torna sócio da startup, o que se traduz na principal diferença entre o Seed e outros programas existentes.


Crédito: Divulgação/Seed



Sucessos da última temporada

A quarta rodada de aceleração do Seed conseguiu atender as 40 startups (101 empreendedores) escolhidas por meio do edital, que geraram, ao longo do período em que estiveram no programa, 164 postos de trabalho.

Foram 120 horas de conteúdo compartilhado com os empreendedores. O faturamento agregado das empresas passou de R$ 2,8 milhões, e mais de R$ 7,5 milhões em investimento externo foram captados.

As atividades de difusão - em que os empreendedores da rodada compartilham conhecimento para fomentar a cultura empreendedora - chegaram aos 17 territórios de desenvolvimento de Minas Gerais.
 

Crédito: Divulgação/Seed

Uma das startups acelerada foi a My Personal Stylist. A proposta da empresa é a de que a consultoria de imagem deixe de ser oferecida apenas face a face, para se tornar acessível ao grande público, utilizando a tecnologia.

De Belo Horizonte para qualquer lugar do planeta, a MyPs, como é conhecida, tem se destacado no mercado com uma plataforma interativa para atender pessoas de qualquer lugar, por meio da internet. Antes de assinar o serviço, as interessadas podem conhecer o site e experimentar algumas ofertas gratuitas, como o teste de estilo, que já atraiu 16 mil usuários.

A participação na quarta rodada de aceleração do Seed é considerada como um divisor de águas para a publicitária Juliana Brasil, fundadora e CEO da MvPs. “Tivemos auxílio com metodologias, testamos novos caminhos e muitas hipóteses. Ganhamos maturidade e ficamos entre as três melhores startups da quarta rodada, com direito a viagem para curso de empreendedorismo e inovação em Berkeley, nos Estados Unidos”, destaca a empreendedora.

Também participou da quarta rodada a startup Seja Direto, que trabalha com um sistema de gestão multicanal para marketing de vendas digitais. Com quase três anos de fundação, a Seja Direto atende a empresas de qualquer segmento que tenham posicionamento digital e queiram se adaptar ao que há de mais atual nesse universo para ampliar as vendas e melhorar a qualidade do atendimento.

Os segmentos automobilístico e imobiliário se sobressaem na carteira de clientes da startup. “O Seed é um programa fantástico de aceleração, preocupado com o benefício do empreendedor, ajudando na solução de problemas, na abertura de novas portas e na ampliação da base de clientes”, endossa Matheus Luís Pompelo de Souza, sócio da startup que dobrou o número de funcionários em seis meses, de quatro para oito.

Souza destaca os benefícios da aceleração e enfatizou que todas as etapas foram importantes para o crescimento da empresa. “O tempo de formação empreendedora, a estrutura disponibilizada, os mentores experientes, eventos e o ambiente propício a contatos com empresas e investidores foram transformadores”, reconhece Matheus.

Passo a passo para participar

Para os interessados nas próximas rodadas de aceleração do Seed, o coordenador-geral Daniel Oliviera orienta o passo a passo para participação. O Seed abre um edital de seleção e faz sua ampla divulgação. Startups de base tecnológica de qualquer segmento podem se candidatar e concorrer a uma vaga.

“O nosso foco principal são projetos que tenham um mínimo de estrutura de funcionamento, com produto e carteira de clientes já em desenvolvimento. Se você se encontra nesse estágio, está pronto a participar do programa de aceleração”, afirma Oliveira. 

No edital são avaliados quatro pontos para a seleção: o negócio, a tecnologia, a equipe e o potencial de impacto. Os projetos selecionados recebem estrutura física, recursos financeiros e apoio de uma equipe própria de agentes de aceleração, responsável por auxiliar os empreendedores no desenvolvimento da startup.

“Os agentes funcionam como consultores, com bagagem para o desenvolvimento dos negócios. Oferecemos ainda uma rede de mentores externos do ecossistema nacional e internacional, que já trabalharam seus projetos e foram bem sucedidos”, diz o coordenador. “Eles entram também para mentorias específicas, por exemplo, de marketing, vendas e desenvolvimento de produto”, acrescenta.

Outro ponto considerado importante é o espaço de coworking (espaço compartilhado de trabalho) na sede do Seed, na Praça Rui Barbosa (104), região central da capital mineira. Os empreendedores trabalham no local com toda a infraestrutura necessária a um time de até três pessoas, sem necessidade de custos adicionais.

O Seed ainda disponibiliza, gratuitamente ao público, dois postos de trabalho em seu coworking. O horário de funcionamento é de 9 às 21 horas, mas é necessário agendar por meio do aplicativo BeerorCoffee (acelerado na terceira rodada do programa).
 

Crédito: Divulgação/Seed

Apoio na recepção dos selecionados

Para os empreendedores de outros países que chegam para o Seed, o Governo do Estado conseguiu, na esfera federal, a facilitação de dois anos de visto de trabalho. “Se não fosse essa articulação eles teriam que enfrentar os trâmites burocráticos normais, inclusive para entrar com investimentos no país”, argumenta Daniel Oliveira.

A equipe de relacionamento com a comunidade do programa fica responsável por auxiliar na adaptação dos estrangeiros e também dos empreendedores de outras regiões do Brasil, facilitando e incentivando sua conexão com a cidade e com o estado.

A primeira semana de programa é chamada de soft landing (pouso suave), com suporte para que os recém-chegados se sintam acolhidos e ambientados. Eles são acompanhados e orientados sobre situações práticas como tirar documentos, abrir conta em banco, encontrar moradia e orientações para o dia a dia, como localizar os postos de saúde e hospitais no entorno do Seed.

Há ainda uma movimentação constante na sede do programa com a visita de pessoas de todas as regiões brasileiras e de outros países que se interessam em conhecer o local, saber como funciona e estabelecer contatos.  “É um ambiente aberto e a gente recebe escolas, universidades, empresas e investidores não apenas do Brasil, mas de outros países”, revela o coordenador-geral.

As ações inovadoras do Seed vêm ganhando repercussão no Brasil e em outros países, razão pela qual os editais para as rodadas de aceleração têm atraído startups de todos os continentes. A proposta tem sido capaz de mudar o panorama das startups existentes no território mineiro e ao mesmo tempo estimular o surgimento de novas.

Ao relatar o esforço da Subsecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sedectes em aprimorar cada vez mais o Seed, que está sob o guarda-chuva do Minas Digital, programa do Governo do Estado de apoio à ciência, tecnologia e inovação, o coordenador-geral Daniel Oliveira ratifica que a evolução da aceledora vem chamando, para Belo Horizonte, a atenção dos empresários locais, nacionais e agentes de fomento. 

“A cada ano a gente entende melhor como deve ser o processo para trazer os benefícios quantitativos e qualitativos. Quando falamos das características do nosso projeto público e único, em outras partes do mundo, todos veem com bons olhos os resultados”, conclui Oliveira.

 



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