Utramig impulsiona carreiras de jovens de escolas públicas com cursos no segmento cultural

Após a conclusão da qualificação oferecida em parceria com Observatório da Juventude da UFMG, alunos já trabalham no lançamento e desenvolvimento de projetos próprios

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A formatura dos jovens foi realizada no Centro Cultural da UFMG, no início do semestre
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Debs Sher esta envolvida com a cultura de rua desde os 13 anos (Crédito: Divulgação/Utramig)

Alunos da Fundação de Educação de para o Trabalho de Minas Gerais (Utramig) que se formaram nos cursos de Agente Cultural e de Assistente de Produção Cultural já começam a se destacar no cenário da cultura de rua.

Débora Alves, jovem moradora de periferia, por exemplo, esteve no grupo de jovens de escolas públicas que participaram da formação, oferecida em parceria com o Observatório da Juventude da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio do Progama Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Atualmente, ela é conhecida na cultura Hip Hop como Debs Sher.

Participar do curso, segundo ela, foi bastante impactante. "Digo até surtante, pois os temas sociais pesados que foram abordados me davam a sensação de estar sendo estudada pelos meus próprios colegas de sala e aquilo foi dando gatilhos de vivências da minha infância e de trabalhar diretamente na rua", conta a jovem, que se habilitou no curso de Agente Cultural. "Pretendo, agora, lançar meus próprios projetos, o que antes chamava de ‘idéias bobas’, que ia anotando de maneira avulsa, sem dar muita importância”, complementa. 

Prova de que está ativa no compromisso de realizar e concretizar seus planos é a preparação, neste momento, para participar do Festival Mulheres do Mundo - evento que nasceu em Londres, em 2010. Debs Sher estará na programação, no Rio de Janeiro, entre os dias 16 e 18 de novembro. O objetivo do festival é debater sobre o papel das mulheres na sociedade, celebrar suas conquistas e criar um espaço de escuta e de acolhimento.

 

"Poder participar pela primeira vez de um evento de tamanha grandeza é muito importante para mim. Vou representando não só uma mina, mas uma mina que fez seu corre vindo da rua, de favela, mãe e sapatão. Com todo esses recortes de exclusão social e ainda assim poder ir a este evento, que acontece pela primeira vez na América Latina. Fui selecionada para estar lá com outras mulheres de grande representatividade e vou apresentar meus projetos para 2019 e trocar saberes de vivências e experiências do empreender com base na sobrevivência”.

Débora Alves - a "Debs Sher"
Agente cultural e artista

 

E este não é o uníco projeto da artista envolvida com a cultura de rua desde os 13 anos. “A vivência nas aulas me motivou a me inscrever não só no Festival WOWRio, mas também no Corre Criativo da Fa.Vela, no qual também fui selecionada e, agora, estou vivenciando os estudos de  aceleração de negócios de base faveladas”, revela.

O poeta, rapper, slammaster e ativista do Fórum das Juventudes da Grande BH, Bim Oyoko, também foi um dos 20 jovens formados no curso de Agente Cultural. “O curso foi de muita importância para o meu crescimento curricular e profissional. Tive acesso a informações e materiais que me proporcionam não só um novo olhar sobre cultura como melhor preparação para editais e captação de recursos para os projetos que já desenvolvemos”, explica.

Bim Oyoko é poeta, integrante do grupo Texas Griot e ativista pelo Fórum das Juventudes da Grande BH. No último dia 8, ele puxou a interveção Palavra Alada” na 7ª Juventude Okupa a Cidade, na pista de skate do Barreiro, em Belo Horizonte.

Bim Oyoko é o nome artístico e político de Fabrício Tadeu Leite (Crédito: Divulgação/Utramig)

Parceria de sucesso pede continuidade

Os dois artistas se encaixam bem na avaliação feita pelo educador do Observatório e professor do curso, Rômulo Silva. “Percebemos que o curso teve uma relação direta com a inserção de alguns jovens no mercado de trabalho e, para outros, o resultado foi o amadurecimento do próprio trabalho que já desenvolvem no campo da cultura, com a elevação da qualidade, melhor estruturação divulgação da ação cultural. Essas duas vertentes caminharam juntas”, observa.

Rômulo e outros integrantes do Observatório - Juarez Dayrell, Warley Fabiano Santos e Carolina Abreu Albuquerque - estiveram na Utramig para fechar o que chamaram de “círculo virtuoso”.  Na oportunidade, foram recebidos pela diretora de Qualificação e Extensão, Ester Espeschit, e pelas coordenadoras de cursos, Maria Angélica Prados, Amanda de Abreu Noronha e Ana Carolina Utsch.

Para os educadores do Observatório a experiência foi válida e deve continuar. “O curso de agente é fundamental. Tem público, tem demanda”, afirma Carolina. “Queremos ampliar a partir da experiência concreta”, reforça o pesquisador e professor Juarez.

Se depender dos alunos, a tendência também é de continuidade. "O curso é de suma importância pra todas as pessoas que estão ligadas à cultura, traz diversas reflexões sobre o que é ser agente cultural e sair da bolha. Deveria ser ofertado mais vezes, se possível em vários módulos, tipo: módulo 1 – agente cultural; módulo 2 - produção cultural; módulo 3 - gestão cultural”, sugere Bim Oyoto.

Observatório da Juventude

O Observatório da Juventude da UFMG é um programa de ensino, pesquisa e extensão da Faculdade de Educação (FaE), com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG. Criado em 2002, o OJ investiga, levanta e dissemina informações sobre a situação dos jovens da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Também desenvolve ações de capacitação de jovens, de educadores e alunos dos cursos de graduação e pós-graduação da UFMG.



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