SES-MG e Opas promovem encontro para avaliar o enfrentamento à febre amarela nos períodos de surto

O evento teve a intenção de apresentar as fragilidades e potencialidades dos processos de trabalho das instituições de saúde pública durante os surtos da doença

imagem de destaque
écnicos de várias áreas da saúde pública participaram da reunião, realizada de 28 a 30/11
  • ícone de compartilhamento

O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), concluiu, nesta sexta-feira (30/11), a reunião técnica “Exame Posterior a Ação sobre a resposta frente ao recrudescimento da atividade de Febre Amarela em Minas Gerais, Brasil”.

Durante três dias, o objetivo da atividade foi o de avaliar as duas ondas de surto de febre amarela enfrentadas pelo Estado em 2016/2017 (1º ciclo) e 2017/2018 (2º ciclo). Além disso, o encontro levou à elaboração de um relatório para divulgar a experiência em outros estados e países.

As discussões aconteceram em seis grupos de trabalhos cujos eixos de atuação foram: gestão; imunização; vigilância de casos humanos e epizootias; vigilância laboratorial; assistência hospitalar com avaliação prática de manejo clínico e organização de rede e comunicação de risco.

De acordo com o subsecretário de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Said, a metodologia utilizada nos grupos de trabalho é da Opas e foi baseada nas avaliações que são aplicadas para cenários de desastres naturais e avalia as respostas de enfrentamento da saúde pública em ocorrência de surtos.

“Este é um trabalho inovador porque avalia a efetividade de respostas técnicas diante de situações de surtos de doenças transmissíveis. Procura apontar as fragilidades das ações  desenvolvidas e propor redirecionamentos para, por exemplo, diminuir o tempo de reação a essas situações e melhorar a capacidade de respostas com o objetivo de diminuir a mortalidade", aponta Said.

Segundo o subsecretário, a estratégia ainda visa apresentar as experiências positivas, para que possam ser utilizadas e aperfeiçoadas. "Além disso, também chama a atenção para possibilidade de novas ocorrências de surtos em momentos de sazonalidade”, explica.

Técnicos de várias áreas da saúde pública, que participaram efetivamente do enfrentamento dos surtos de febre amarela, discutiram e dividiram experiências exitosas. ​Também participaram da reunião técnicos do Ministério da Saúde, da SES-SP e dos municípios de Belo Horizonte, Mariana, Brumadinho, Nova Lima e Juiz de Fora.

No encontro, os profissionais falaram das dificuldades e fizeram recomendações para diminuir a fragilidade da vigilância e da assistência em saúde. O material avaliativo, que foi produzido pelos grupos de discussão, fará parte de um relatório final com propostas de readequação para fortalecer a capacidade de resposta e ajudar a organização de outros estados e outros países.

Avaliação

A consultora da Opas para Minas Gerais, Geane Andrade, destaca que o encontro permite, aos técnicos que acompanharam a crise em Minas, avaliar os modos de enfrentamento e propor novas abordagens. Em relação aos exames laboratoriais, por exemplo, ela avalia que houve em um primeiro momento uma sobrecarga de amostras durante na primeira onda do surto em 2016/2017.

Crédito: Marcus Ferreira

“No entanto, o estado foi capaz de se reorganizar e equipar-se para processar as análises mais rapidamente. Houve então um impacto na qualidade das respostas, diminuindo o tempo de espera por resultados e diagnósticos. E melhorando as condições do estado para controlar a circulação viral e aperfeiçoar as ações, diminuindo a mortalidade”, analisa.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Teófilo Otoni, Natália Lilling, relata que uma das dificuldades encontradas foi o despreparo de alguns gestores para compreender o momento da crise e lidar com o cenário.

“Além disso, tivemos que lidar com as informações incorretas sobre as vacinas, que acabaram dificultando o processo de imunização. Porém, como foram adotadas diversas ações, entre elas a realização da vacinação casa a casa nas regiões mais afetadas, na tentativa de atingir a população não vacinada. Essa e outras estratégias, realizadas pelo Estado e municípios, elevaram a cobertura vacinal acumulada geral de 57,5%, no período de 2007 a 2016, para 90,7%, atualmente”, diz.

O coordenador de Mobilização Social e Publicidade da SES-MG, Joney Vieira, que relatou o grupo técnico de comunicação de risco, ressalta a atuação das ações de comunicação durante o surto. Joney avalia que o trabalho de comunicação deve ser integrado ao das outras áreas técnicas para ser efetivo e criar confiança na sociedade.  

“É necessário repassar dados oficiais com clareza e atualizados para a mídia e a população. Também precisamos veicular orientações constantes sobre a doença. Para isso, cartazes, cartilhas, spots e redes sociais foram canais de comunicação utilizados durante todo o período de surto da doença. Esse procedimento informou a população sobre a doença e sobre a importância da vacina”, observa.

Joney também destaca a criação do hotsite especial www.saude.mg.gov.br/febreamarela, desenvolvido apenas dois dias após a primeira notificação de casos. A página reúne várias informações sobre a doença, ações de saúde pública estadual, além dos Boletins Epidemiológicos, que foram publicados com periodicidade.

Cenário atual da doença

Para o período de 2017/2018, última atualização em 17/10, são 527 casos confirmados de febre amarela, dos quais 178 evoluíram para óbito, representando uma letalidade de 33,5%. No período de monitoramento 2016/2017, foram registrados 475 casos confirmados de febre amarela silvestre no estado de Minas Gerais, dos quais 162 evoluíram para óbito, com uma letalidade de 34,1%.

Com a chegada das chuvas e o calor, as medidas de prevenção contra a febre amarela se tornam ainda mais importantes, pois, mesmo com as condições de imunização mantidas durante todo o ano, o período de maior probabilidade de ocorrência de casos da doença em Minas Gerais ocorre entre os meses de dezembro e maio.

Diante disso, é imprescindível reforçar à população a importância - e necessidade - de receber a vacina contra a doença, bem como manter a vigilância constante nas áreas de maior risco. De acordo com a SES-MG, há, ainda, uma estimativa de 1.836.028 pessoas não vacinadas.

Outras informações sobre a doença estão disponíveis em: www.saude.mg.gov.br/febreamarela



Últimas