III Feira Literária e Cultural do Presídio de São João del-Rei trabalha a cultura do Nordeste

Evento também marcou o lançamento de obra literária escrita pelos detentos e publicada com apoio da UFSJ. Feira também permitiu aos participantes aprender mais sobre Ariano Suassuna e seu legado para a literatura brasileira

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Fragmento da obra "O Auto da Compadecida", de Suassuna, foi adaptado e interpretado pelos presos
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O Presídio de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, recebeu a III Feira Literária e Cultural, uma iniciativa da Escola Estadual Detetive Marco Antônio de Souza. Nesta edição, a homenagem foi para o autor Ariano Suassuna.

O evento realizado dentro da unidade prisional abriu as portas, nessa quinta-feira (6/12), para a sociedade e estimulou a vivência e a compreensão da cultura nordestina para convidados e para os 103 alunos que cumprem pena na unidade prisional administrada pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap).

O pátio do presídio e as dependências da escola foram decorados com painéis de xilogravura, textos de cordéis, tecidos bordados, esculturas em argila e outras artes visuais que foram desenvolvidas juntamente com a professora Márcia Valéria Rodrigues de Carvalho Moura, em oficinas ministradas por voluntários ao longo do ano letivo.

A feira contou com uma descrição entusiasmada acerca da biografia de Suassuna, realizada pelo detento Marcos Souza, de 27 anos. “Conhecimento é sempre bom e, apesar da nossa situação atual ser difícil, temos que retirar um bom proveito dela. Eu, por exemplo, adquiri o hábito da leitura após começar os estudos aqui no presídio”, disse.

Além da apresentação de um cortejo com tambores, com a participação do grupo cultural Raiz da Terra, houve a atuação dos alunos que dançaram maracatu e realizaram uma intervenção teatral. O fragmento chamado “O Julgamento”, retirado da obra "O Auto da Compadecida", foi adaptado pelos professores de português da escola e interpretado pelos presos.

Para o diretor de atendimento da unidade prisional, Charles Wilson do Nascimento, apesar das adversidades, principalmente relativa a recursos, é notável a evolução da feira ao longo dos anos.

“Percebemos que graças à dedicação dos servidores e dos próprios alunos com os projetos, como o Remição pela Leitura, houve uma melhora significativa na qualidade das ideias apresentadas e na redação dos textos, que culminou no lançamento do segundo livro dos alunos da escola do presídio”, destacou.

O segundo livro na terceira feira

“De Repente o Segundo” é o nome da segunda obra lançada com textos escritos pelos detentos do Presídio de São João del-Rei que frequentam a escola estadual instalada no interior da unidade prisional. Assim como o livro atual, a obra “Coração” lançada no ano de 2017 é fruto da parceria entre a unidade prisional e a Universidade Federal de São João del-Rei.

A pedagoga do presídio, Daniela Soares Mazzoni, destaca que trabalhos ambiciosos que vem sendo realizado ao longo dos anos, como a feira literária e a publicação de livros escritos por presos, são possíveis graças a esforços contínuos da atual gestão.

“O trabalho pedagógico que tem como principal objetivo devolver cidadãos prontos para conviver em harmonia com a sociedade, só é possível, também, graças ao alinhamento e colaboração da equipe de segurança que nos auxilia e, muito, a desenvolver os projetos", afirmou.

Na ocasião, estiveram presentes: o juiz de Direito da 2ª Vara de Execução Penal da Comarca de São João del-Rei, Ernane Barbosa Neves;  o diretor geral do Presídio de São João del-Rei e referência da 13ª Risp, Emanuel Augusto Rosa Assunção; a secretária de Educação de São João del-Rei, Cintia Leite; a superintendente de Ensino de São João del-Rei, Adriana Leitão; a diretora da Escola Estadual Detetive Marco Antônio de Souza, Maria Aparecida Mendes Resende; e o pró-reitor de pesquisa e extensão do Uniptan, Heberth Paulo de Souza.



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