Capacitação de profissionais dá início à segunda fase do Programa Juventudes

Com abrangência territorial ampliada, projeto também aumenta número de jovens beneficiados pela educação profissional e inclusão produtiva

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A segunda fase do Projeto Trampos será executada nos próximos 20 meses pelas equipes capacitadas
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Cerca de 80 profissionais começaram, nesta semana, a capacitação introdutória para atuarem no Programa Juventudes/Projeto Trampos, da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), em parceria com a Secretaria de Estado de Educação (SEE).

A capacitação reúne equipes formadas por articuladores, mobilizadores, auxiliares logísticos e coordenadores de inclusão produtiva. São profissionais que, durante os próximos três meses, irão a campo para mapear e identificar as demandas da educação profissional nos 15 municípios que integram a segunda fase do Trampos. A preparação, promovida por técnicos da Sedese, prossegue até quinta-feira (21/6), na sede da Utramig, em Belo Horizonte.

Neste ano, o projeto vai beneficiar mais de 15 mil jovens nos municípios de Curvelo, Diamantina, Montes Claros, Divinópolis, Juiz de Fora, São João del-Rei, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Paracatu e Uberlândia, além dos seis municípios já participantes. Em 2017, foram qualificados profissionalmente 1.006 jovens nos municípios de Belo Horizonte, Contagem, Betim, Ribeirão das Neves e Passos.

A ampliação da abrangência territorial é uma das novidades da segunda fase do projeto, outra é a forma de gestão. “A gestão do projeto é compartilhada entre a Superintendência de Projetos Especiais (SPE) e a Subsecretaria de Assistência Social, o que fortalece a proposta de qualificação profissional e a inclusão produtiva, especialmente do empreendedorismo juvenil e a economia solidária”, explica a técnica da Sedese, Maria de Lourdes Menezes, uma das coordenadoras do projeto.

“Não se trata apenas de qualificação profissional, é também promover o acompanhamento, o monitoramento das ações nos territórios e nesse processo estabelecer cada vez mais uma relação, uma tessitura de rede que propõe o fortalecimento de vínculos comunitários”, complementa a coordenadora pedagógica do projeto, Rogéria Freire.

A segunda fase do Projeto Trampos será executada nos próximos 20 meses pelas equipes ora capacitadas, das instituições vencedoras da licitação (Abordagem Comunicação e Marketing, Educcappe e Instituto Cultural Boa Esperança –ICBE) e, neste período, técnicos da Sedese e SEE vão atuar diretamente no embasamento teórico e prático para as equipes que se dirigirão aos territórios.

Além da qualificação profissional, com a oferta de cursos, o Trampos também realiza minicursos de orientação profissional e presta assessoramento técnico a jovens empreendedores.

A participação de todos os envolvidos, característica do projeto desde o início, também está presente neste segundo momento da capacitação. “O formato da proposta reforça a construção coletiva, que se concretiza no planejamento participativo, inclusive com a presença dos jovens, público do projeto”, explica o supervisor do projeto na capital e RMBH, Alexandre Freitas.

De acordo com Freitas, todo o projeto é construído a partir do planejamento participativo. "Temos uma carteira de mais de 80 cursos, mas as definições dos cursos, das diretrizes dos minicursos e das ações de fomento do empreendedorismo e de economia solidária, por exemplo, serão tomadas em conjunto com os jovens, empreendedores locais e pelos representantes da rede sociocomunitária e educacional do território”, completa.

A esse respeito, a coordenadora pedagógica do projeto, Rogéria Freire, analisa que "a dimensão do projeto, de construção coletiva, e sua própria execução, resultam na inauguração e formulação de políticas públicas”.

Além da coordenação compartilhada entre a SPE, Subsecretaria de Trabalho e Emprego (Subte), Subsecretaria de Assistência Social (Subas) e as instituições vencedoras da licitação e executoras do projeto, e do já existente Grupo de Trabalho, foi criada uma nova estrutura na Sedese. Ela é composta por gestor, coordenadores e supervisores do projeto, com técnicos da Sedese e da SEE, para pensar o projeto de forma intersetorial.

Dentro desse contexto, as Diretorias Regionais da Sedese e as Superintendências Regionais de Ensino da SEE ocupam novamente papel fundamental na execução do projeto, contribuindo na coordenação, monitoramento e apoio técnico, entre outras atribuições.   

“As superintendências de ensino são as grandes interlocutoras com as escolas e, por esta razão, são fundamentais na identificação dos jovens com perfil para participar do projeto”, explica Rogéria.

O Projeto Trampos tem como público jovens de bairros de alta vulnerabilidade social, dentre os quais são prioritários os jovens: de escolas estaduais com defasagem de idade/ano; em cumprimento de medida socioeducativa de meio aberto; egressos do sistema socioeducativo e do sistema prisional; jovens chefes de família e/ou com filhos; vítimas de violência doméstica e/ou de gênero; LGBT; e aqueles que não estudam, nem trabalham.

A capacitação

No primeiro dia da atividade, os profissionais se familiarizam com concepções de juventude e territorialidade. O segundo dia é dedicado ao detalhamento da operacionalização do projeto e, no terceiro, ocorre o debate sobre o planejamento participativo. Ainda no último dia, também estão previstas entrevistas com empreendedores e a rede local, rodas de conversa com os jovens e planejamento de ações de educação profissional e de articulação para geração de trabalho e renda, nos territórios envolvidos.

O jornalista Ugo Soares, um dos articuladores do projeto, acredita que a capacitação iniciada nessa terça-feira (19/6) fará a diferença. Ele vai atuar na Vila Olavo Costa, bairro de Juiz Fora, com altos índices de criminalidade e falta de acesso à cultura e educação.

“A impressão que fica é de seriedade. É que toca na ferida do sistema, vai trabalhar com pessoas que estão correndo risco social. A gente observa o empenho de dirigentes da secretaria, e na minha opinião, é uma sinalização de que podemos fazer um trabalho consistente e que influencie na construção de vidas melhores", observa.

Como profissional de comunicação, continua Soares, "já atuo nos movimentos de base, tenho a acrescentar a experiência de uma pessoa que está no campo, com um olhar humano e colaborativo. Quando a gente se coloca em pé de igualdade, o processo flui mais, gera um vínculo de confiança e a transformação acontece”, acrescenta o jornalista.

Os ensinamentos da educação integral e popular são as bases da proposta pedagógica do Projeto Trampos. Uma de suas referências está no conceito definido por Paulo Freire: “Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fossemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles”.



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