Apac de Governador Valadares promove atividade de ressocialização com as recuperandas

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As 48 recuperandas artesãs do Centro de Reintegração Social (CRS) da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, inauguraram um ponto de venda exclusivo para seus tapetes e toalhas de crochê. A loja, anexa a um posto de gasolina às margens da rodovia BR-116, na vizinha cidade de Alpercata, foi cedida pelo proprietário do estabelecimento. Ele prefere se manter como colaborador anônimo da instituição.

O vice-presidente da Apac Governador Valadares, Carlos Roberto Alves, explica que o empresário conhece e acredita na metodologia de recuperação de condenados da Apac e por isso fez questão de contribuir.

A recuperanda Cristiane Gama teve experiência no comércio antes de ser condenada. No CRS, aprendeu a tecer tapetes. Boa comunicadora e pessoa de iniciativa, foi logo escolhida para ser a vendedora da loja. A conquista da progressão para o regime semiaberto lhe possibilita passar as tardes atendendo à clientela.

Cristiane conta com o apoio frequente de Valéria Cristina de Abreu e Claudia Ferreira Sá, voluntárias da Apac Governador Valadares e responsáveis pela montagem da loja. Valéria e Claudia sempre aparecem para auxiliar na organização, no suprimento da loja e no atendimento a clientes especiais.

O voluntariado é um dos pilares do método Apac. Para se engajar nesse tipo de trabalho, as pessoas são preparadas por meio de cursos e assumem um forte compromisso com a assiduidade e com a observação das regras da instituição.

A adesão de Valéria, que é diretora de Patrimônio da Apac, tem um significado especial. Ela é agente penitenciária no Presídio de Governador Valadares, tem três filhos e ainda arranja tempo e disposição para cursar o 4º período de Serviço Social.

Valéria, contudo, prefere falar da importância do crochê no processo de reintegração social das recuperandas. “Proporciona uma interiorização, um olhar para dentro, que vem da necessidade de concentração para criar e confeccionar as peças”, explica.

Laborterapia

Para as recuperandas do CRS de Governador Valadares, os tapetes e toalhas são muito mais do que peças de decoração com valor de mercado. O manejo das agulhas de crochê é um tipo de laborterapia, com objetivos terapêuticos, de estímulo à concentração e à reflexão. Por esse motivo, as vendas da produção foram, por muito tempo, feitas de forma esporádica, em eventos e feiras.

Um dos aspectos positivos adicionais são a convivência e o companheirismo proporcionado pelo crochê, já que as mulheres confeccionam as peças em grupo e a técnica de produção vai sendo repassada pelas mais experientes e habilidosas. Isto faz parte da história de uma das recuperandas, Jamile Késia Oliveira Rodrigues, de 28 anos, mãe de um menino de cinco anos.

Jamile aprendeu a técnica com a agora vendedora Cristiane, quando chegou para o regime fechado, há um ano e oito meses. Assim como a colega, Jamile alcançou o regime semiaberto e foi contemplada recentemente com a primeira saída temporária.

“Fiquei muito feliz quando cheguei e me deparei com várias das minhas peças decorando a minha casa”, conta Jamile. A recuperanda destaca que o crochê contribuiu não só para a sua recuperação. Traz, segundo ela, uma renda que ajuda no orçamento da família.

Repasses

A Apac de Governador Valadares está com 52 reeducandas, sendo 34 em regime fechado e 18 em regime aberto. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) repassa recursos regularmente para a manutenção dos CRS’s. Este ano, Governador Valadares recebeu cerca de R$ 410 mil, dentro de um total de R$ 18.097.457,66 repassado para 33 Apac’s no estado.  

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